quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Folheto da cadeira


Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa
Mestrado 'Educação Artística'
Ano lectivo de 2006-2007


BIBLIOTECAS DIGITAIS E E-LEARNING











Sumário

1. Apresentação e orientação da Cadeira


2. Programa

3. Processo pedagógico

4. Bibliografia

Docente das aulas teóricas e práticas: Prof. Doutor Pedro de Andrade

1. Apresentação e orientação da cadeira

Desde o século XVI, tem ocorrido uma acumulação sem precedentes da informação e do capital de saber planetário, que se revelou enquanto uma das pedras basilares de estruturação das sociedades modemas.

As bibliotecas, os arquivos e os centros de documentação foram algumas das principais instituições que reuniram sistematicamente essa memória colectiva, em grande parte sob a forma de fontes documentais e de informação.

Daí que alguns autores, como Manuel Castells, tenham apelidado a nossa contemporaneidade de 'sociedade de informação', referindo-se, em particular, ao recente momento de passagem da era modema para a 'modernidade avançada', ou 'pós-modemidade' segundo outros ensaístas (Jean-François Lyotard).

O principal medium que permitiu, nos últimos anos, sintetizar e multiplicar, de uma maneira inédita, essa informação e conhecimento, foi a Internet, que configura um espaço novo de comunicação, o ciberespaço.

No entanto, a realidade é mais complexa do que isso: neste inicio de milénio, a nossa contemporaneidade não se define apenas como uma sociedade de informação, mas uma sociedade em que adquire cada vez mais importância a informação sobre a informação, ou 'meta-informação'.

Se a organização das sociedades modemas pautou-se, em grande escala, pelo desenvovimento do conhecimento cientifico-técnico-artistico, hoje em dia, tornaram-se indispensáveis novas formas de saber, que se debruçam essencialmente sobre os modos, teóricos e práticos, de utilização pragmática de todo esse manancial de informação armazenado.

Algumas das exemplificações mais eloquentes destes instrumentos de análise e de síntese da informação científico-técnico-artística são os índices, as revistas de resumos, as classificações, os thesauri, as bibliografias de bibliografias, os múltiplos tipos de listagens ou de outros documentos computorizados.

Essas novas metodologias foram empregues nas bibliotecas tradicionais, mas mostram-se notavelmente aperfeiçoados nas bibliotecas digitais e nos sistemas de e-learning.

Ora, esses procedimentos organizadores da informação e do saber, bem como as suas condições sociais de construção, permanecem largamente ignorados pelos cientistas, artistas e formadores portugueses, ou por outras classes profissionais, embora constituam o elemento sem o qual a educação e a pesquisa científico-técnico-artistica não se poderão desenvolver, a nível nacional, intemacional ou planetário.

A cadeira 'Bibliotecas Digitais de arte e e-leaming' pretende contribuir para a minoração das lacunas acima identificadas: a insuficiente articulação entre a formação e a informação, e entre a educação e a investigação.

Para tal, servir-se-á dos utensílios teóricos-metodológicos de que dispõe (ver Programa), e sublinhando o papel da internet e de outros dispositivos digitais neste processo inédito de produção e consumo do conhecimento na nossa sociedade globalizada.


2. Programa

1. Conteúdos culturais e artísticos e respectivas fontes de informação em bibliotecas presenciais e digitais.
1.1. Apresentação. Introdução às bibliotecas digitais e ao e-learning nas artes. Blogs de arte.
1.2. Análises de conteúdos culturais e artísticos a partir de fontes de informação recolhidas em bibliotecas, arquivos e centros de documentação.
• Os sentidos perceptivos e as formas culturais e artísticas. Instituições de informação e de documentação para as artes. Prática de fontes de informação artística: fichas de biblioteca e de investigador.
• Percepção, consciência e conhecimentos culturais e artísticos. Prática de fontes de informação artística: índices e thesauri.
• Interacção e simbologia cultural e artística. Prática de fontes de informação artística: livros.
• O mundo entendido como drama. Prática de fontes de informação artística: periódicos.
• A cultura e a arte em contextos sociais. Prática de fontes de informação artística: publicações comerciais e catálogos comerciais e de exposições.
• Estruturas e práticas culturais e artísticas. Prática de fontes de informação artística: estatísticas e documentos administrativos.

2. Pesquisa em bibliotecas digitais e construção de materiais pedagógicos em e-learning.
2.1. Pesquisa da informação no ciberespaço.

• Introdução ao ciberespaço. Prática de fontes de informação artística: CD-ROMs, DVDs e Internet.
• Blogs de arte para a docência e a investigação. O hibrilog. Construção de blogs de arte.
• Planificação e análise de conteúdo de web pages. Pesquisa na internet.
• Pesquisa na internet em bases bibliográficas: o sistema B-On.

2.2. E-learning.
• O e-learning na pedagogia artística. Preparação de lições sobre artes em Power Point.
• Interfaces de e-learning em multimédia. Introdução prática ao software Flash.
• Metodologias do e-learning. O modelo SCORM de apresentação de conteúdos de e-learning. Construção de projectos de e-learning em multimédia no software Flash: arquitectura dos cursos.
• Design e desenvolvimento de projectos em e-learning. Construção de projectos de e-learning em multimédia no software Flash: tipos de perguntas/respostas interactivas e avaliação dos resultados de testes digitais.

3. Processo Pedagógico

A cadeira funcionará na base de aulas teóricas articuladas à dimensão prática dos saberes expostos. Por outras palavras, em cada semana será tratada uma problemática particular na sua perspectiva reflexiva, ou seja, considerando autores centrais que se debruçaram sobre temas culturais e artísticos relevantes.

As ideias destes autores serão aplicadas a exemplos e análises concretas de obras de arte e intervenções culturais específicas.

Para além disso, proceder-se-á a exposições práticas sobre os diversos tipos de locais de recolha, tratamento e difusão da informação (arquivos, bibloiotecas, centros de documentação e informação), os instrumentos e métodos de recolha e tratamento da informação em bibliotecas tradicionais e digitais, e os tipos de fontes principais para o trabalho de investigação científica ou visando tarefas educativas.

O objectivo final, como foi referido supra, reside na chamada de atenção para o diálogo incessante entre a informação e a formação, e entre a educação e a investigação, nomeadamente no quadro a vida discente e profissional dos mestrandos.

Isto é, os ensinamentos aqui discutidos poderão ter aplicação prática na produção e difusão de obras ou de serviços artisticos, por exemplo no âmbito da gestão da arte, ou visando intervenções pedagógicas e formativas nas áreas da cultura, arte e novas tecnologias da informação e documentação.

3.1. Critérios de avaliação

O trabalho científico-pedagógico deverá exercer-se apoiando-se em dois criterios: o rigor da inteligência e a sensibilidade da imaginação cientifica e artística, articuladas entre si.

Neste sentido, privilegiar-se-ão os comentários, discussões e propostas que procurarem indagar a conexão entre as diversas abordagens teóricas e a aplicação de procedimentos metodológicos que promovam a articulação entre as Ciências Sociais e Humanas, a Educação e as Artes Visuais.

3.2. Métodos de Avaliação de Conhecimentos

* Os alunos deverão realizar um trabalho final, de reflexão e pesquisa ern qualquer urna das temáticas inerentes aos eixos da matéria dada.

Formalmente, este trabalho consta de recolha, sistematização, leitura e crítica de informação (livros, documentos, artigos de revistas e de jomal, bibliografias, web pages, e-mails, grupos de discussão na internet, etc.) entre outras fontes primárias, secundárias ou terciárias, sobre um tema a combinar com o docente.

Também poderão ser analisados os extractos de obras inseridos nos Cademos de Textos e nos Cadernos de Metodologia facultados pelo Professor.

O trabalho será efectuado individualmente ou numa equipa de 2 alunos no máximo, e não deverá ultrapassar as 20-25 páginas.

Na medida do tempo disponível, os trabalhos serão objecto de apresentação pública na aula.

* Em alternativa, efectuar-se-á um trabalho prático utilizando instrumentos informáticos, por ex., um blog educativo, um conjunto de lições em Power Point ou um projecto multimédia de e-learning em Flash.

4. Bibliografia

A bibliografia da cadeira distribui-se pelas secções do plano de estudos, em vista a uma consulta mais expedita. No seu interior, as referências bibliográficas principais encontram-se assinaladas por um asterico *.

O docente fomecerá oportunamente extractos destes textos em Cademos próprios, sendo a respectiva leitura indispensável para o acompanhamento contínuo da matéria.

As restantes obras funcionam enquanto Bibliografia Complementar, aconselhável para a investigação, para além das referências bibliográficas facultadas pelo professor no decorrer das aulas.

4.1. Conteúdos culturais e artísticos e respectivas fontes de informação em bibliotecas presenciais e digitais.
4.1.1. Conteúdos para a educação artística e a investigação.

* Andrade, Pedro, 1995, "As visibilidades sociais", Atalaia (1/2), pp. 73-93.
Becker, Howard, 1998, Tricks of the Trade: How to Think About your Research While You’re Doing It, U. Chicago Press.
DiMaggio, Paul, 1987, “Classification in Art”, American Sociological Review, 52, pp. 440-55.
* Ferreira, J. Maria Carvalho et al, 2001, “ A Sociologia Etnometodológica”, In Sociologia, Lisboa, McGraw-Hill, p. 312-3, 316-9.
Forest, Fred, 1977, Art sociologique, Paris, UGE, pp.29-54.
* Giddens, Anthony, 2000, “Teorias da acção versus teorias institucionais” , “A teoria da estruturação”, In Dualidade da estrutura: Agência e Estrutura, Oeiras, Celta, pp. 3-10; 43-50.
* Goffman, Erving, 1993, “Desempenhos”, “Fachada”, “Realização Dramática”, In A apresentação do eu na vida de todos os dias, Lisboa, Relógio de Água, pp.29-48.
* Goffman, Erving, 2003, Manicômios, Prisões e Conventos, São Paulo, Editora Perspectiva, pp. 15-22.
* Ritzer, George,1996, "Georg Simmel", In Sociological Theory, New York, McGraw-Hill, pp. 162-8.
* Ritzer, George,1996, "Symbolic Interactionism", In Sociological Theory, New York, McGraw-Hill, pp. 336-44.
Sauvageot, Anne, 1994, Voirs et savoirs: esquisse d' une sociologie du regard, Paris, PUF, p. 7-34.
Tota, Anna Lisa, 2000, A Sociologia da Arte: do Museu tradicional ao multimédia, Lisboa, Editorial Estampa.
* Turner, Jonathan, 1998, " [Max Weber, Edmund Husserl, Alfred Schutz]", In The Structure of Sociological Theory, Belmont, Wadsworth Publishing Company, pp. 352-7.

4.1.2. Instituições de informação/documentação e fontes da informação necessárias à formação e à pesquisa.

* Benavente, Ana (coord.) et al, 'Estudo Nacional de Literacia: enquadramento teórico-metodoIógico', In A Literacia em Portugal: resultados de uma pesquisa extensiva e monográfica, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian / Conselho Nacional de Educação, pp. 3-23.
* Brasão, Inês et al, 2004, [Apresentação, contexto de estudo e metodologia], In Leitores e Bibliotecas Públicas, Lisboa, Edições Colibri, pp. 21-29.
* Cosme, Ariana, ‘Da reinvenção do modo de educação escolar á reinvenção da profisssão de professor: contributo para um debate acerca do mal-estar docente’, Educação Sociedade & Culturas (22), pp. 183-213.
* Delgado-Martins, Maria Raquel et al (org.), 2000, ‘Processamento da informação pela leitura e pela escrita’, In Literacia e Sociedade: Contribuições disciplinares, Lisboa, Caminho. Pp. 13-21.
Figueiredo, Fernanda, 2004, ‘Rede Nacional de Bibliotecas Públicas: actualizar para responder a novos .desafios’, Cademos BAD (1), pp. 60-72.
* Freitas, Eduardo de et al, 1997, 'Leitores e leituras de livros'; 'Livrarias e bibliotecas', In Hábitos de leitura: um inquérito à população Portuguesa, Lisboa, D. Quixote, pp.111-122; 211-222.
* Erens, Bob, 1996, 'Uses of libraries for research', In Modernizing Research Libraries: The effect of recent developments in university libraries on the research process, pp. 33-57.
* Manguel, Alberto, 1998, 'A ultima página', In Uma história da leitura, Lisboa, Presença, pp. 17-37.
Martins, Agostinho, 2002, ‘O acesso aos docurnentos da adrninistração pública’, Cademos BAD (1), pp. 19-33.
Real, Manuel, 2004, ‘A rede nacional de arquivos: urn desafio no seculo XXI’, Cademos BAD (1), pp. 36-59.
Silveira, Luis, 2002, ‘Os dados pessoais e os arquivos", Cademos BAD (1), pp. 46-56.
* Ventura, João, 2002, 'As bibliotecas públicas como esfera pública', In Bibliotecas e Esfera Pública, Oeiras, Celta, pp. 35-44.

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